Com a rendição militar e a conseqüente crise financeira que abalaram seriamente as finanças da Alemanha, houve em todo o país uma radicalização da política e da sociedade. Queria-se encontrar um culpado pela derrota de qualquer forma. Os militares, empresários e a imprensa em geral propagaram a idéia de que não houve uma derrota militar, mas sim um ato de traição contra grande parte da sociedade, estimulada pelos partidos de esquerda e pelos agentes do capitalismo internacional, os judeus. Culpou-se o Tratado de Versalhes pela quebra econômica do país (o que era a mais pura verdade), tratado este imposto pelas grandes potências vencedoras e aceita pelos republicanos, apontados como os traidores da pátria. Este era quadro geral da Alemanha em 1909.
A missão do Exército, após a derrota na guerra, era suprir pela força quaisquer revoltas que aparecessem, e não eram apenas possibilidades remotas. Já em 01 de janeiro o KDP (Kommunistische Partei Deutschlands - Partido Comunista da Alemanha) iniciou uma revolução em Berlim, gerando combates na capital até o levante ser sufocado. E além do KDP e outros grupos de tendências comunistas e esquerdistas, havia mais de 70 grupos de extrema direita, que culpavam democratas liberais, marxistas e judeus pela derrota na guerra.
O cabo Adolf Hitler, então com 29 anos de idade, ainda servia no Exército Alemão em Munique, onde graças a sua inteligência e dotes oratórios, foi nomeado líder e elemento de ligação de uma seção de inteligência chamada Comando de Esclarecimento que tinha por missão observar e influenciar partidos e grupos políticos dentro e fora do exército. Seu comandante lhe deu uma missão: infiltrar-se num pequeno grupo nacionalista fundado a 5 de janeiro de 1919 - o DAP - Deutsche Arbeiterpartei (Partido do Trabalhador Alemão). Tudo que ele tinha de fazer era participar das reuniões, que eram realizadas numa cervejaria da cidade, e verificar o que pretendiam. O Cabo Hitler cumpriu sua tarefa tão bem, que começou a participar acaloradamente das reuniões a ponto do fundador do partido, Anton Drexler, notar a presença daquele rapaz baixinho e bem de conversa, quando o viu envolto numa apaixonada discussão sobre pan-germanismo. Drexler então o convidou para fazer um discurso e, para espanto de todos, foi um estrondoso sucesso. Em setembro de 1919, Hitler ingressou no DAP com o número de matrícula 555 (a numeração começara em 500, por sugestão de Hitler, para dar a impressão de que o partido tinha mais membros do que parecia).
Dispensado do Exército em 1920, Hitler dedicou-se dali por diante inteiramente à política e ao crescimento do DAP. Nesta época ele já havia percebido que tinha dois dons: o da oratória e o de cativar a lealdade das pessoas. E usou estes dois dons plenamente. Ainda em 1920, assumiu o comando do DAP, mudando o nome para NSDAPP - Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães), que ficou mais conhecido como Partido Nazi ou Nazista, da abreiatura das palavras "National Sozialistische". Esta abreviatura foi adotada para confrontar os Sozi, um termo usado naquela época para os sociais democratas. Adotou-se como símbolos do partido a Saudação Romana, copiada diretamente dos Fascistas Italianos liderados por Mussolini, e a milenar Suástica (símbolo de boa sorte, proteção divina ou mística, dependendo a qual cultura está ligado. Vem sendo usado há pelo menos 6.000 anos por inúmeros povos), numa interpretação desenhada pelo próprio Hitler. Quanto a Drexler, o fundador do DAP, ele foi totalmente eclipsado pelo carisma de Hitler e condenado ao ostracismo, sem nenhuma participação expressiva nas atividades do Partido. Mas seria apenas a primeira pessoa que seria atropelada por Hitler em seu caminho para o poder supremo na Alemanha.
Fonte: Revista Guia da História 1918-1939 A escalada do Nazismo - Edição 01
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