João Barone
Da Glória ao Esquecimento...

21 de janeiro de 2012

Entrevista com o Tenente Israel Blajberg, entusiasta da FEB


Nascido no Rio de Janeiro aos 31/maio/1945, brasileiro nato de primeira geração flho de imigrantes poloneses.

Professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense desde 1972. Engenheiro do BNDES (1975-2011). Formado em 1968 pela ENE-UB.
Coordenador do Ciclo de Encontros FEBianos 2011, Editor do NOTICIÁRIO ANVFEB, 2º. Diretor-Social da SOAMAR-RIO, Diretor Técnico-Cultural da Associação dos Antigos Alunos da Politécnica, Diretor de Relações Públicas da Associação Nacional dos Veteranos da FEB. Presidente da AHIMTB/RIO, Diretor de Comunicação Social do IGHMB, Diretor de Cidadania da FIERJ.
Ex-aluno do CPOR/RJ, Turma Marechal Rondon, Artilharia 1965. Diretor da Associação de Ex-Alunos. Cursou a ESG em 2004 – CAEPE e 2007 – CLMN. Membro da ADESG e OVART.
Escreveu o livro Soldados que Vieram de Longe e artigos publicados em revistas e sítios militares, como DEFESA NACIONAL, VERDE-OLIVA, O Anfíbio, O ADESGUIANO, BNDES –Revista dos Clubes Militar, de Aeronáutica e Naval. Palestrante na Casa do Saber, Clube Militar, Clube Monte Sinai, e diversos seminários e congressos.
Condecorações: Ministério da Defesa, Medalha da Vitória - Marinha, Medalha de Amigo da Marinha - Exército, Medalha do Pacificador - Aeronáutica, Ordem do Mérito Aeronáutico, Cavaleiro, e outras das Associações de Ex-Combatentes Nacionais e de Nações Amigas e da PMERJ. Amigo da AD/1 e do MMCL.

PSG- Tenente Israel Blajberg, o senhor poderia expor sua opinião sobre o esquecimento da Força Expedicionária Brasileira pela grande maioria?


IB- Parece incrível que há quase 70 anos, multidões pararam o centro do Rio para aclamar nossos pracinhas que voltavam da Guerra, quando hoje o assunto ficou restrito a uma minoria de estudiosos e interessados, enquanto outros temas ocupam as atenções do público.

Talvez algum antropólogo ou sociólogo pudesse examinar melhor o assunto, mas enquanto isso nao acontece, e já que fui consultado, penso que tal se deve ao temperamento lúdico do brasileiro, em geral interessado em música, novelas, enfim, distante de guerras, serviço militar, e mesmo da política, haja vista o que vemos diariamente nos jornais acerca dos políticos por nós eleitos. Entretanto, tal tedencia não parece ser exclusiva nossa, eis que em diversos outros paises nota-se que as comemorações da 2ª Guerra Mundial já não chamam tanto a atenção como no passado. Uma das causas possivelmente seria o decrescimo natural do número de veteranos ainda vivos.

Outra causa do paulatino esquecimento e que o Brasil nunca mais partcipou de guerras, salvo raros casos pontuais de pequena monta, apenas de Operações de Paz. Assim, não existe a renovação que ocorre nas associções de veteranos, em paises que vão emendando uma guerra na outra através dos tempos, como EUA, França, Inglaterra e outros. Embora existam aqui outras associações de veteranos, como as do chamado pessoal da praia, do Batalhão Suez, de São Domingo, dos Fuzileiros, elas não se comunicam entre si, e o pior, em alguns casos ainda competem, o que em nada ajuda a causa.


No Brasil, a memória dos feitos militares vai ficando cada vez mais rarefeita, com o assunto pouco ventilado nas escolas de todos os níveis. Uma exceção seriam os museus, onde observamos alguma expansão no tocante a FEB, como os militares por todo o país, e alguns ligados a associações de veteranos.


PSG
- O que o senhor acredita que vá acontecer no futuro com a memória dos veteranos da FEB?
IB- A memória dos Veteranos da FEB vai depender dos filhos, netos e bisnetos dos expedicionários, e demais voluntários interessados, pois o poder público já demonstrou que pouco pode ajudar.
A tendência até agora foi de caminhar assintoticamente para uma estabilização em nível mínimo, com base nas notícias que temos das Regionais, no passapo quase 50 e hoje reduzidas a no máximo 15 e quase todas com pequeno quadro de sócios. A FEB era um microcosmo de quase todos os estados brasileiro, dai a pulverização das regionais. Na Argentina até há pouicos anos ainda existia uma asociação dos descendentes da Guerra da Tríplice Aliança.

PSG- Hoje em dia, as novas tecnologias permitem que muitas informações possam ser compartilhadas entre incontáveis pessoas, o senhor acha que isso pode ser usado para divulgar e difundir a Força Expedicionária Brasileira?
IB- Certamente, a Internet, os museus volantes, as palestras multimidias podem levar a história até as escolas, clubes, enfim, a informação pode ser completamente descentralizada. Isto é o que está previsto para execução p. ex. na Casa da FEB no Rio, onde a empresa Tecnolach ofereceu toda a reforma e modernização das instalações até então extremamene envelhecidas e obsoletas. Os Encontros FEBianos que iniciamos em 2011 deverão ser condensados em anais, para ampla distribuição por todos os canais de divulgação, aumentando assim a visibilidade da história FEBiana.

PSG- Tenente, gostaria que deixasse suas considerações finais, obrigado.
IR- O ano de 2012 é muito importante para todos que cultuam a memória dos feitos heróicos das armas brasileiras na Segunda Guerra Mundial, pois marcará os 70 anos de eventos históricos relevantes para o povo brasileiro, iniciando-se com a Conferencia Pan-Americana de janeiro de 1942, com o Chanceler Oswaldo Aranha representando o Brasil, em 15 jan 1942 no Rio de Janeiro, baixando resolução unânime de que as Repúblicas Americanas romperiam relações com as potências do Eixo, o que foi feito pelo Brasil em 28 jan 1942. Em represália, a Alemanha nazista inicia uma violenta campanha anti-submarina contra a navegação marítima nacional, com o torpedeamento do BUARQUE, o primeiro de mais de 30 navios mercantes a serem afundados, com a perda de 1 milhar de vidas brasileiras.

Em 22 ago 1942– Face ao clamor popular diante da brutal agressão nazista, com o torpedeamento de 7 navios (Baependy, Araraquara, Annibal Benévolo, Itagiba, Arará, Jacira e um pesqueiro), com perda de mais de 600 vidas em apenas 4 dias, o Brasil após reunião do Ministério reconhece o estado de beligerância com a Alemanha e Itália, e em 31 ago 1942 - Através do Decreto Lei 10.358, o governo declara o estado de guerra com a Alemanha e Itália, para todo o Brasil.

Nos anos seguintes o Brasil participou ativamente do conflito, como uma das 19 Nações Aliadas, permitindo o uso de suas bases para o esforço de guerra, enviando suprimentos estratégicos, defendendo o Litoral com forças de Terra, Mar e Ar, e formando a FEB – Força Expedicionária Brasileira, com 25 mil soldados, e o 1º. Grupo de Aviação de Caça (Senta-a-Pua), com 500 homens, que atuaram na Itália até o final da guerra em 8 de maio de 1945, sofrendo a perda de 465 soldados  que tombaram em ação, e cujos restos mortais encontram-se no MNMSGM, onde será instalada a obra objeto desta homenagem.

Assim sendo, faço aqui um chamamento a todos os descendentes dos Veteranos da 2ª. Guerra Mundial, para que empunhem a bandeira deixada pelos seus antepassados, a fim de mantê-la sempre elevada, recordando uma das páginas mais gloriosas da Historia do Brasil, um pais ainda rural na década de 40 e que soube responder a traiçoeira agressão de uma das mais cruiéis e poderosas máquinas de guerra jamais vista, dando uma rsposta a altura no nosso litoral e nos campos de batalha da Italia. Uma operação que ainda hoje seria dificílima de executar, haja vista os deslocamentos das nossas Forças de Paz para o Haiti, por exemplo, e que na época fomos capazes de realizar com grande sucesso, levando 25 mil expedionarios para lutar na neve com modernos equipamentos ainda não conhecidos, obtendo o reconhecimento dos Aliados. Uma história da qual podemos e devemos nos orgulhar.

Prof Israel Blajberg
Diretor de RP – Casa da FEB – Rio



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